sexta-feira, 18 de novembro de 2005

A LOUCURA DO POETA

Que a voz do Poeta não se cale

Que os olhos do Poeta não se fechem

Que os seus versos sejam a sirene

Que alerta toda a gente à sua volta

Que o poema seja o grito inconformado

Dos braços que se erguem na revolta

Contra os braços curvados e a cerviz

Submissa ao peso da opressão

Que o poema seja sempre vertical

Um relâmpago enorme em noite escura

Que o Poema seja uma canção

E rasgue o medo em mil pedaços

Com versos de amor e de ternura

Espalhados por mil bocas e mil braços

Que o Poeta seja mais que um ser humano

E que tanja a lira do seu canto

Elevando a Poesia até ao céu

E que entregue aos homens o seu Fogo

Assumindo o papel de Prometeu..



Quando o Poeta escreve por Amor

A palavra torna-se a armadura

Com que o Homem vence a própria dor

E destrói o vírus da amargura...



É louco, o Poeta? Deixem lá:

O mundo precisa da loucura...



Fernando Peixoto

2 Comments:

Blogger De Amor e de Terra said...

...o mundo precisa da loucura!
Realmente precisa dela com a maior urgência, sim, mas dessa abençoada loucura que tem que é verdadeiramente Poeta!!!!


Maria Mamede

28 de fev. de 2006, 15:13:00  
Anonymous Anônimo said...

Hmmm...
Só hoje tomei conhecimento deste vosso blog e, sim, o mundo precisa mesmo do desalinho da loucura...
Obrigada por me terem incluído.

O abraço de sempre.
RosaTeixeiraBastos

6 de mar. de 2006, 23:33:00  

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