terça-feira, 16 de novembro de 2010


« A Dimensão do Tempo »


Fernando Peixoto


Porque não pára o tempo

quando estás ao meu lado?

É tão curto o tempo para te ouvir ...

Depois há os teus olhos

em que paro

nesta longa viagem ao interior da tua sedução

e de onde não me apetece partir...

Ah se eu pudesse suster os relógios

ficaríamos assim

de mãos dadas por toda a eternidade

um período demasiado exíguo

para a dimensão enorme do tempo deste amor.


FERNANDO PEIXOTO

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« Só sou feliz »


Fernando Peixoto

Só sou feliz

quando quero,

quero saber algo mais,

e pergunto e pergunto-me

sempre

e tento estar lúcido

dando conta de tudo

dos outros, do mundo

para me encontrar e me reconhecer

Sou feliz se procuro

se tenho dúvidas

e me inquieto.

FERNANDO PEIXOTO

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« Meu Mistério »


Sylvia Cohin


Eu sou Centelha fugaz
O Fruto de uma alquimia
Capricho de leva-e-traz
Do Tempo, dia após dia...
Sou Força que me conduz
E desconheço a medida
De toda Treva e da Luz
Que me acompanham na vida...

Não tenho eira nem beira
Eu sou Pó que meus pés pisam
Do Cosmos sou a poeira
E Adubo pros que precisam...

Sou Visão antecipada
Do olho cego do Homem
A cada curva da Estrada,
Repasto que os chacais comem...
Eu sou Símbolo conciso
Do Concreto e do Abstrato
Sou Tormento e Paraíso,
Tudo e Nada, um entreato.

Sou Elo dessa corrente
Que começa e não tem Fim,
Sou Embrião e Semente,
Nasço, morro e vivo em mim.

Eu não sou dona de nada,
Também ninguém me possui
Se de mim sou a morada,
De alguém, serei ou já fui...

Trago o Bem e o Mal comigo
Cavalgo as Dores da Cruz
Se às vezes sou um castigo,
Noutro momento eu sou Luz...

Sou daqui, mas Longe fica
O Segredo que me explica.

Eu vim do Ventre que orbita
Nas entranhas do Lugar
De uma Harmonia infinita
Que nem tem Rei pra reinar...
Eu sou apenas um Ponto
Na vastidão desse Império
E a Grandeza que me aponto,
Não existe, é um Mistério.

SYLVIA COHIN

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