segunda-feira, 21 de maio de 2007

« SOMOS DOIS EM MAIO »

Fernando Peixoto & Sylvia Cohin

Em Maio descerás como maná
e direi: mulher, és o meu trigo!
o pão que abençoo pela manhã
o alimento que pró campo irá comigo!


Em Maio desabrocho com o frescor
que explode e rasga a terra eivada!
Leva o cheiro suculento e o sabor
do fruto a semear na terra arada!


Somos foice e braços, lado a lado
num Maio de papoilas e verdura.
Somos dois, rasgando como arado
a terra do Futuro com ternura.


Somos raízes de Maio medrando
destemidos, no chão da Esperança.
Somos o sopro da Vida ensaiando
a colheita generosa da bonança!


Somos dois, em Maio, erguendo a voz
quando o dia surge, inda menino,
e cantando nos sentimos menos sós
compondo ao mês de Maio o nosso hino.


Quantos mistérios Maio encerra...
Quanta promessa fecundando a Vida...
Somos pólen que emprenha a velha terra...
Estação que a Esperança consolida! ...


Somos dois, em Maio, e a sintonia
deste coral, a dois, tem mais beleza:
Vivermos Maio, a dois, é Poesia!
E connosco floresce a Natureza.

FERNANDO PEIXOTO & SYLVIA COHIN

sábado, 5 de maio de 2007

« A DANÇA DAS CHAMAS »

Sylvia Cohin

Chamas vorazes que ardem crepitantes
no rito sensual de labaredas
invadem, pela trilha das veredas,
as ávidas entranhas expectantes...

apagam-se ao derrame caudaloso
do amor, que é feito brasa evanescente
que escorre e deixa a marca incandescente,
em mar de gozo intenso e misterioso

cinza quente, a centelha fica ainda,
que a brisa afoita acende sem pudor
olhando, embevecida, tanto amor
no lume que alimenta a chama infinda...

nas curvas sinuosas dessa dança,
nem sei se é rio ou mar tanta candura
que oscila e açoita plena de ternura
as chamas coloridas de Esperança...

SYLVIA COHIN