sexta-feira, 18 de novembro de 2005

A ALVORADA DO ATOR

Luz que acende as cores desse dia,
Canto que desperta a alvorada,
Lira que dedilha a melodia,
Chama p´ra vida a tua amada!
Diz a ela que não há tristeza,
Nem melancolia que resista,
Se um amor de tanta singeleza
Instala-se no peito de um artista!

Abre qual um palco tua entranha,
Mostra sem pudor as mágoas tolas,
Conta p´ra platéia a dor estranha
Dessa solidão da vida toda!
Sob a luz intensa do cenário,
Confessa do amor toda grandeza
Paixão que deságua em estuário,
História de insólita beleza !

Inflama teu corpo sem piedade,
Provoca o aplauso comovido!
O enredo dessa nova liberdade
Será aos quatro cantos repetido!!
Chora na coxia entre os abraços,
Desce o pano, é o fim dessa jornada
Supera todo peso do cansaço,
Teu porto é o regaço de tua amada!


Sylvia Cohin

A LOUCURA DO POETA

Que a voz do Poeta não se cale

Que os olhos do Poeta não se fechem

Que os seus versos sejam a sirene

Que alerta toda a gente à sua volta

Que o poema seja o grito inconformado

Dos braços que se erguem na revolta

Contra os braços curvados e a cerviz

Submissa ao peso da opressão

Que o poema seja sempre vertical

Um relâmpago enorme em noite escura

Que o Poema seja uma canção

E rasgue o medo em mil pedaços

Com versos de amor e de ternura

Espalhados por mil bocas e mil braços

Que o Poeta seja mais que um ser humano

E que tanja a lira do seu canto

Elevando a Poesia até ao céu

E que entregue aos homens o seu Fogo

Assumindo o papel de Prometeu..



Quando o Poeta escreve por Amor

A palavra torna-se a armadura

Com que o Homem vence a própria dor

E destrói o vírus da amargura...



É louco, o Poeta? Deixem lá:

O mundo precisa da loucura...



Fernando Peixoto