Cleide Canton
Jogou a echarpe sobre os ombros nus
num movimento rápido, seguro
e, sem muito esforço,
foi-se para não mais voltar...
Escandalizou a todos
com a segurança de suas decisões,
com a fé inabalável nas suas convicções.
Jogou, sem esperar vencer,
todas as cartas guardadas.
Não blefou.
E o pequeno mundo não compreendeu
o brilho do seu olhar.
Vitoriosa,
mesmo sem precisar lutar,
seus adversários seriam sempre
o tempo e a distância
contra os quais lutou
apenas com a constância.
Levava na bagagem
um coração repleto de certezas,
uma vontade de simplesmente ser,
sorrindo dos tropeços,
desviando-se dos espinhos,
distribuindo carinhos,
arrancando as vendas
que tentavam desviá-la dos seus intentos.
As lágrimas, os desencantamentos
eram desafios a serem vencidos
na solidão de todos os seus momentos.
O tempo desvendou-lhe os mistérios
e a distância ensinou-lhe a andar ligeiro.
Nunca mais encontrou
a porta de entrada
como jamais retrocedeu na jornada.
Despediu-se da vida
num vacilar da madrugada.
Dizem que a viram sorrir
e num elegante gesto
atirar sua echarpe ao nada...
CLEIDE CANTON
4 Comments:
Cleide querida, que bom você aqui conosco trazendo um pedaço de Brasil poético, e encurtando saudades! Beijo nosso!
Viva!!! Obrigada, amigos, por este carinho. É sempre muito prazeroso estarmos juntos. Estou toda orgulhosa. Beijos.
Abro a porta com a chave da poesia e encontro esta viajante com a mais sortida e bonita bagagem! Valeu, Cleide. Que bom te ler aqui.
Quantas vezes me tem apetecido, ao longo da vida "atirar a echarpe ao nada"...
Parabéns Cleide! é muito belo!
Fico feliz por ter oportunidade de através da Chave conhecer trabalhos seus, que admiro.
Um beijo da
Maria Mamede
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