quarta-feira, 20 de setembro de 2006

NO REGRESSO DO TEMPO

Fernando Peixoto

Por segundos apenas, por instantes
o Tempo quedou-se e adormeceu:
abraçaram-se então os dois amantes
e o poema do Tempo apareceu.

Só no regresso o Tempo reparou
como fora incauto e distraído.
Os amantes olhou embevecido
e o relógio da Vida disparou.

Pelo imo da Noite prosseguiu
o seu rumo de Tempo, sem abrigo,
e foi só na Manhã que descobriu
a Luz que a Vida tráz sempre consigo.

FERNANDO PEIXOTO

O TEMPO

Albino Santos

Não sei o que é o tempo ou que vantagem
Pode haver em suas exactas dimensões
Já que todo o tempo são apenas ilusões
Que duram só enquanto dura esta viagem

O tempo do relógio é uma miragem
Divide, não o tempo, mas as sensações.
As horas que indica são meras convenções
Que não passam além de uma chantagem

O tempo verdadeiro é aquele que eu vivo.
Não determinado por nenhum engenho
Do meu tempo só eu disponho, só eu comando.

Apenas o final do meu tempo não consigo
Desvendar no tempo que ainda tenho.
Alguém determinará o dia, a hora… quando!

ALBINO SANTOS

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

O PASSAR DO TEMPO

Fernando Peixoto & Sylvia Cohin

Passa o tempo por nós e nem pensamos
que viramos a folha ao calendário,
nem mesmo nesse tempo que gastámos
correndo contra o tempo e sem horário.
Passa a vida correndo bem depressa,
tão ligeira que até nem percebemos,
quanta vida se queda na promessa !
Que valioso o tempo que perdemos !
Passa tudo tão depressa, voando...
Nem lembramos, sequer, que está passando !
Vendo o fio do tempo que se esvai,
erguemos no Passado a nossa História
retomando um caminho, que se vai
aliar no Futuro, c'o a Memória.

FERNANDO PEIXOTO & SYLVIA COHIN
Portugal, 14.09.2006

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

APETECIA-ME...

Natacha Costa

Lentamente espreguiçar
Nesse teu corpo sedoso
Poder desbravar
Caminhos em teus cabelos
Banhar-me nesse olhar
Misterioso, e malicioso
Que conheço de cor
Fazer do teu peito
A minha vertente
Do teu suor
Minha nascente
De teus braços o meu leito
Suave macio e quente
Dormir em teu horizonte
Onde só restasse
Uma fugaz miragem
Da força crescente
Da luz do teu poente
Onde só ficasse
Minha mísera imagem.

APETECIA-ME...

NATACHA COSTA
Porto - Portugal