domingo, 12 de abril de 2009


« ETÉREA »

Sylvia Cohin



Sou viajante que esvoaça ao vento,
De Zéfiro, frescor celestial
A navegar em rimas que eu invento
Em récitas pro Cosmos imparcial.

Vagueio livre na amplidão do espaço
De onde ponteio meu encantamento
E em sintonia, de mim me desfaço,
Só pra cantar contigo o teu lamento...

Faço-me brisa morna que te afaga
E entre volteios essa dor transpasso
Rindo da vida sempre tão aziaga,
Aqui e ali, ato e desato um laço...

Com paciência e muita simetria,
Vou escrevendo as páginas da saga
Colando risos sobre o que agonia,
Como se fora o sopro que embriaga.

Mas a verdade é esta afirmativa:
De ti sou parte, como já sabias,
E porque ando às vezes tão furtiva,
Fica somente o rastro das folias...

"Assim se vive" - como se adjetiva -
E pouco importa se pareço aérea!
Essa junção que sabe a compulsiva,
É nossa carne que se fez etérea.

SYLVIA COHIN
(28.02.2005.)


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