quinta-feira, 23 de julho de 2009

« SEGREDANDO »

Fernando Peixoto

Sugo-te, sereia, o doce néctar,
o mel com que sempre me inebrias
e espalho no teu ventre esta saliva
que me escorre do sabor dos teus cabelos.
Teus olhos me iluminam
e fascinam
Teu hálito em meus lábios me segreda
volúpias que entontecem
e tuas mãos arpejam meus sentidos
como um eco de delícias nos ouvidos.
Vem, meu amor, vem de mansinho
passear teus pés na curva do caminho
onde deitado me quedo à tua espera.

FERNANDO PEIXOTO


Portugal, 05.01.2005
« DIVAGANDO »

Sylvia Cohin

Pelas mãos de Urano ungida
E abençoada por Geia,
Eu sigo o Aceno da Vida
Rumo à minha Odisseia...

Sob o enlevo da emoção
Que me arrepia de espanto,
Dispara meu coração
E embarga a voz o meu canto

Nos olhos reflito a lua
Dividida em hemisférios
Que sorrindo seminua,
Me assombra com seus mistérios

Os alísios que me embalam
Rumo ao Norte a flutuar,
Para o amor, alas me abram
Sobre o galeio do mar!

Na aflição que me domina,
Mal consigo esvoaçar
E entre bacante e menina,
Prossigo, quero avançar!

E assim tecido meu Céu,
O Arco-íris minha estrada
E essa coragem fiel,
Pelo Olimpo bem-fadada

Pra seguir como encantada,
Afinal, ao lado teu...
E o mundo não era nada.
Éramos nós... Tu e Eu!

Se foi sonho ou se vivi,
Na verdade pouco importa;
No arcobaleno eu me vi,
Quando o Amor abriu a porta.

SYLVIA COHIN

Brasil, 12.02.2004