A FOZ DO LIVRO
Humedeço os pés
nas águas do meu rio
impregno-me duma vastidão de ternura
que sacudo depois
sob a forma de gotículas de palavras
espargindo sílabas de carinho
nas folhas alvas do papel
e o poema torna-se erótico
Como o rio
que ejacula na foz o sémen da fogosidade
e adormece feliz
entre seios de espuma salgada
após uma corrida longa
impetuosa
estóica
até ao útero da vastidão oceânica
Assim caminha o poema
e o poeta
até à foz do livro
FERNANDO PEIXOTO
4 Comments:
Que beleza de foz!
Que beleza de rio no seu encontro marinho!
Que cheia de poesia no cio do tempo!
Um beijo enorme da amiga
Maria Mamede
A vastidão de ternura que encharca as folhas alvas do papel, é rio de poesia penetrando manso na foz dos sentimentos que se espraiam no regaço de um poema... é oceano de dor ou de amor que o poeta explora velejando em rimas perfeitas!
Parabéns, poeta! Sylvia Cohin
Ai Fernando que te vou roubar este poema!....
Está lindo e poeticamente correcto.
Como eu gostaria de ter capacidades para escrever assim aquilo que sinto...
Obrigado, amigo.
Que lindo caminho ...o do poema e o do poeta, até a foz do "livro".
Perfeito, emocionante e lindo!
Adorei!!!!
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