domingo, 26 de fevereiro de 2006

A FOZ DO LIVRO


Humedeço os pés
nas águas do meu rio
impregno-me duma vastidão de ternura
que sacudo depois
sob a forma de gotículas de palavras
espargindo sílabas de carinho
nas folhas alvas do papel
e o poema torna-se erótico
Como o rio
que ejacula na foz o sémen da fogosidade
e adormece feliz
entre seios de espuma salgada
após uma corrida longa
impetuosa
estóica
até ao útero da vastidão oceânica

Assim caminha o poema
e o poeta
até à foz do livro


FERNANDO PEIXOTO

4 Comments:

Blogger De Amor e de Terra said...

Que beleza de foz!
Que beleza de rio no seu encontro marinho!
Que cheia de poesia no cio do tempo!

Um beijo enorme da amiga
Maria Mamede

28 de fev. de 2006, 14:57:00  
Anonymous Anônimo said...

A vastidão de ternura que encharca as folhas alvas do papel, é rio de poesia penetrando manso na foz dos sentimentos que se espraiam no regaço de um poema... é oceano de dor ou de amor que o poeta explora velejando em rimas perfeitas!
Parabéns, poeta! Sylvia Cohin

1 de mar. de 2006, 22:48:00  
Anonymous Anônimo said...

Ai Fernando que te vou roubar este poema!....
Está lindo e poeticamente correcto.
Como eu gostaria de ter capacidades para escrever assim aquilo que sinto...
Obrigado, amigo.

2 de mar. de 2006, 07:06:00  
Anonymous Anônimo said...

Que lindo caminho ...o do poema e o do poeta, até a foz do "livro".
Perfeito, emocionante e lindo!
Adorei!!!!

2 de mar. de 2006, 10:16:00  

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