domingo, 19 de outubro de 2008

« QUANDO NOS "ENCANTAMOS" »

Sylvia Cohin

Tudo é estímulo e fica mais gostoso...
Caminhamos em nuvens coloridas de arco-íris,
sorriso no brilho dos olhos,
vontade de ficar sempre acordado
a repetir, a repetir a mesma imagem
fugidia gravada na retina...

A boca esboça beijos que permanecem
no sabor que não se esquece...
E a pele em arrepios,
- linguagem que só fala quem sente -
lateja na palma das mãos...
O encantamento entorpece,
invade o corpo em vertigem
e dança alucinando o pensamento...
Tudo é lembrança, é tudo Encanto!

Jeito mais estranho de ser cativo
nas asas da mais louca liberdade...

Quando nos Encantamos,
multiplica-se o vigor,
o colorido da vida,
e em tudo há mais sabor!
Um mundo novo em nós
enquanto o velho fica à margem,
não importa...
Os Encantados gravitam entre si,
têm sua própria distância
de outros corpos, e de outras gentes,
habitam um Universo sem fronteiras
mas tão restrito... inacessível!

Quando Encantados,
o corriqueiro perde a dimensão,
tudo é infinitamente menor
enquanto crescem a coragem,
o destemor, a ousadia;
fenece o egoísmo, o apego,
e a mesquinhez cede espaço
à grandeza de gestos
e sentimentos...

Quando nos Encantamos, não tiranizamos.
Somos libertários sem causa própria,
só por gozo e prazer.

Nosso olhar fica mais doce, aguçam-se os sentidos.
Somos donos de 'algo' que existe mas não nos pertence
(nem a mais ninguém)
apenas nos escolheu para se entregar...

Quando nos Encantamos,
alguns dizem que é paixão,
outros chamam de amor, atração, empatia, tesão...

Eu acho que é a mais perfeita alquimia.
Encaixe de elementos que se combinam,
simbiose na melhor dose!

Encantados,
somos bruxos, duendes, fadas ou feiticeiros,
prestidigitadores,
magos sedutores e seduzidos,
entregues ao enleio sublime e bacântico,
devasso e sagrado,
do mistério de um Secreto Encanto
que transcende o tempo
e o espaço, como dogma:

- A metade do segredo é toda tua;
A outra metade, eternamente minha...

SYLVIA COHIN
Republicado em 19.10.2008

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sexta-feira, 3 de outubro de 2008


Hoje o Chave da Poesia faz uma homenagem especial ao Historiador, Teatrólogo, Escritor, Professor e Poeta, Doutor Fernando Aníbal Costa Peixoto que partiu de nosso convívio, deixando aqui, a marca de uma Poesia inigualável, fragmentos de sua alma e de seus sentimentos. A este Grande Homem, Parceiro e Amigo, toda admiração.
Apresentamos seu último poema que aconchegado neste espaço, mantém Viva sua Lembrança e Eterniza a Saudade... Sylvia Cohin


« RE-PARTINDO... »

Fernando Peixoto



Sei que contigo vão partir

memórias de um tempo partilhado,

dias breves que hoje são passado

e podiam no entanto ser porvir.

Sei que levas na bagagem a lembrança

dos olhos nimbados de tristeza

mas também o brilho da bonança

que alimenta a tua natureza.

Mas se partes, apenas uma parte

vai contigo rasgando o mar e o vento:

que outra parte de ti já se reparte

na minha memória e pensamento.

24 de Agosto de 2008
FERNANDO PEIXOTO

* 25 de Julho de 1947
+03 de Outubro de 2008

Vila Nova de Gaia - Portugal


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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

« AH, SE EU PUDESSE... »

Sylvia Cohin

Pegar nas mãos minha ternura por ti
e na concha de meus dedos dar-lhe forma...
Seria azul celestial...
aquele azul que veste o espaço sideral.
Morna seria...
nem muito quente ou muito fria...
morna seria o ideal...
E com um toque mínimo que fosse,
eu lhe daria um aroma divinal
que te envolvesse num afago doce,
quiçá, um tanto sensual...
Finalmente,
com um retoque magistral,
eu lhe daria o tom de magia
e a meiguice do brilho das estrelas,
condensava em gotas de cristal...
Assim, minha ternura tu verias
flutuando pro teu gozo e alegria,
aconchegante
e intemporal...

SYLVIA COHIN

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