sexta-feira, 16 de junho de 2006

BICHO DE ESTIMAÇÃO
Sylvia Cohin & Fernando Peixoto
(Dueto)

a saudade é um bichinho
parecido com cupim
que faz no peito o seu ninho
e um estrago sem fim...
espécie de parafuso
sempre enroscando-se em mim.

em silêncio, noite e dia,
vai roendo ferozmente...
como quem acaricia,
tudo traça com seu dente...
corta, trinca, morde, estria,
moe o corpo, lentamente.

de saudade morre gente
que também por ela vive
um bichinho diferente:
só morre se sobrevive!
escorrega, na ladeira
da tristeza, em declive.

coitado do arquiteto
que desenhar a saudade
seja em madeira ou concreto,
dela não mostra a metade...
mostra apenas um deserto
com miragens de verdade.

não há nada que a defina
com exata precisão:
saudade é dor que amofina,
é voluntária prisão.
uma espécie de morfina
para a dor da solidão.

não se tente amordaçá-la
resulta devastação...
saudade quando se cala,
rasga o peito e o coração!
é grito que nos abala,
tempestade, furacão!

é por isso que o poeta
que faz rima, escreve canto,
se da palavra é esteta,
...da saudade veste o manto!
aedo, bardo ou profeta,
enche de versos seu pranto.

SYLVIA COHIN & FERNANDO PEIXOTO
Porto, 14.06.2006

9 Comments:

Blogger Empregos no Mundo - Oportunidades Estrangeiro said...

Existe sempre um bichinho de estimação dentro de nós... inquietações, sorrisos, tristezas de mãos dadas com uma lágrima que cai... ele está lá... até na tormenta de um sonho complicado, de um pensamento banal, na saudade efemera... Mais e mais palavras encantadas que enfim, me exaltam profundamente, lindo!

Cumprimentos,
M.M.

16 de jun. de 2006, 12:49:00  
Anonymous Anônimo said...

Verso que é verso explode em canção.
Gostoso demais ler vocês.
Beijos. Cleide

16 de jun. de 2006, 23:04:00  
Blogger Silêncios said...

Explêndido!!
Que mais dizer?
Deixo-vos um beijo

17 de jun. de 2006, 11:39:00  
Blogger ☆Fanny☆ said...

Ah saudade!!! Será que corrói ou que acalenta?

As saudades acarinham a solidão da minha alma. São murmúrios que galgam as estrelas e nos aquecem o coração...


"Saudade é viajar
nas lembranças do tempo...
É um sentimento que
nos liberta o pensamento
e nos faz voar
nas nuvens infinitas do sonhar...
É sentir o teu abraço
na brisa perfumada que passa...
É sentir o teu beijo amoroso
na canção da alvorada...
Saudade é sentir-te
aqui agora e tu não estares...
é ter simplesmente
a melodia do teu pensamento." (Fanny)

Gosto de versejar sobre a SAUDADE!

Um abraço*

Fanny

19 de jun. de 2006, 11:12:00  
Anonymous Anônimo said...

Esta saudade é uma dor infame,
resiste a tudo e em mim permanece...
É surda aos rogos, inda que clame
e me corrói sem trégua a cada dia...
Fico à deriva, barco que esquece
do porto o abraço... e a alegria...

20 de jun. de 2006, 10:49:00  
Anonymous Anônimo said...

Parafraseio esse verso que me tocou o coração

"não há nada que a defina
com exata precisão:
saudade é dor que amofina,
é voluntária prisão.
uma espécie de morfina
para a dor da solidão." ////

Aos poetas parceiros que SENTEM e VIVEM o que escrevem o meu aplauso em forma de SAUDADE ...

Hoje o prêmio da amizade tem o gosto de saudade ...

beijos com carinho aos amigos SYl e Fernando
Vera

22 de jun. de 2006, 15:19:00  
Anonymous Anônimo said...

Desculpa a demora meus lindos em vir aqui ler vocês. Maravilhoso esse bichinho de estimação. Parabéns muito lindinho. Beijos no coração de vocês. Gloria Guedes

24 de jun. de 2006, 12:52:00  
Anonymous Anônimo said...

A saudade ...é como o remorso: tempo perdido.
Palavra de poeta.
Um beijo,
Rosa

24 de jun. de 2006, 16:09:00  
Anonymous Anônimo said...

Bravo mon cher cousin
Tous ces vers sont magnifiques
Merci de nous donner un peu de ce monde magique
Car il évoque en nous des sentiments qu'on a en soi
mais qui souvent on'ouse le dire
De peur d'en pâtir.
Bisous pleins de tendresse Rosa

28 de jun. de 2006, 04:44:00  

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