sábado, 17 de novembro de 2007

« Po-e-mar »

Sylvia Cohin

vi o desenho na espuma
do vulto de uma sereia
fazendo verso na areia
de um poema que se esfuma
na fúria da maré cheia.

vi o mar enfurecido
a fustigar o rochedo;
entre as fendas do penedo,
vi um búzio recolhido
na concha com seu segredo...

vi meu barco impetuoso
enfrentando com braveza
o açoite da correnteza,
oscilante, mas teimoso,
a vencer sua proeza...

vi prantos boiando n‘água
e o mar engolir sedento
os gemidos de um lamento
molhando a franja da anágua
que reveste o pensamento.

vi o sonho flutuante
no horizonte condensado.
um farol iluminado,
um apelo embriagante,
ao barqueiro extenuado.

vi também um pescador...
navegava alheio ao mar
entregue ao árduo labor
e a Netuno protetor,
ensimesmado, a remar

SYLVIA COHIN





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3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Syl, somente a imensidão do mar, sua bravura e beleza podem retratar o tamanho da sua sensibilidade ao conceber esse Po-e-Mar. Nele velejamos nas ondas do amor com todas as suas nuanças de momentos fortes, bonitos, mas também daqueles que as incertezas nos conduzem à dúvida, ao medo da chuva e a incerteza do navegar em mar tranquilo.

17 de nov. de 2007, 21:21:00  
Blogger Isamar said...

O mar, minha paixão, meu sonho, meu desvelo sempre inspirou, inspira e continuará a inspirar poetas e trovadores. Este azul de imensidão feito está muito bem tratado neste poema. Pão,labor, dor, amor...é o mar.

Beijinhos, Sylvia.

18 de nov. de 2007, 18:28:00  
Blogger Zé Carlos said...

Oi Syl querida, hoje vc está brilhando tb lá em casa, aliás vc brilha no mundo todo !!!!
Bjs do teu amigo

23 de nov. de 2007, 17:11:00  

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