quinta-feira, 7 de agosto de 2008

« TEMPUS FUGIT »

Sylvia Cohin

Afinal quem és, oh Tempo,
incorpóreo todo o tempo?
Teu poder é um tormento,
todos devoras ciumento;
Jogas Vidas contra o tempo
nesse viver-passa-o-tempo?

Fazes sonhar a contento
Móis o viver-desalento
Mascateias fingimento
Atordoas turbulento
A escoar vagarento...

Serás, Tempo, só o «Entretempo»
que esperneia com o intento
de VIVER ainda a tempo
- mesmo que um breve momento -
antes de passar do tempo?

- Diz a Brisa a bafejar
num cochicho que sustenta
co'uma leveza sem par:

- Não passa o Tempo, lamenta,
somos nós, sempre a passar...

SYLVIA COHIN

Portugal, 08.08.2008

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