terça-feira, 2 de setembro de 2008

« NO PRELO da MEMÓRIA »

Fernando Peixoto

No prelo cerebral fica gravado
(Sem que ao menos possamos escolher)
Segredos dum percurso reservado
Que, por vezes, teimamos esconder

Aos nossos próprios olhos que já viram
Momentos de desgosto e de fraqueza
Com tal intensidade que sentiram
Como doem a mágoa e a tristeza.

Assim se escreve a Vida com lembranças
Quando o tempo se queda por instantes
E retira a poalha das heranças
Que nos restam dos tempos mais distantes.

Sai do prelo: surge então a História
Que escrevemos nas folhas da Memória.

FERNANDO PEIXOTO

Vila Nova de Gaia, 12 de Agosto de 2008
(Publicado em 02.09.2008)

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5 Comments:

Blogger Chave da Poesia said...

Meu aplauso ao magnífico soneto shakesperiano deste Grande Poeta, parceiro e Mestre Fernando Peixoto, que muito me honrou com sua resposta poética.
A ti, Fernando, minha admiração e todo carinho!
Sylvia Cohin
02.09.2008

2 de set. de 2008, 23:16:00  
Blogger Unknown said...

Vindo do blog de um amigo peguei carona e cheguei no teu.
...E nossas memórias saidas do prelo vão quentinhas pras estantes da vida em forma de poesias.
Em suas mãos estão a chave, basta abrir a porta e as letrinhas saltam feito pérolas. Parabéns!Gostei do teu blog, vou te linkar pra não perdê-lo. Abraços e carinhos

11 de set. de 2008, 01:40:00  
Blogger joaquim said...

Um poema à medida da tradição poérica da Saudade, a mais genuina inflexão portuguesa sobre o mundo mágico ancestral omde mergulham os quarks e todas as memórias incógnitas.
Parabéns e abraço

do Poesis

29 de set. de 2008, 10:51:00  
Blogger Chave da Poesia said...

SYLVIA COHIN disse...

Caro amigo Joaquim, agradeço em nome do Fernando Peixoto e no meu próprio, a tua mensagem deixada no ChavedaPoesia, o local onde depositamos juntos tantas partículas de Saudade e Afeto sob a sintonia mágica do mais amplo enleio. Não é só portuguesa esta expressão, garanto-te, e dele dou o mais contundente testemunho pois não tem fronteiras o sentimento humano. Imersa na perplexidade, agradeço aos Céus tudo que juntos compusemos numa fusão anímica inenarrável, de tão rara.
Gratíssima, deixo aqui um forte abraço. Sylvia Cohin

Brasil, 29 de Setembro de 2008

29 de set. de 2008, 12:22:00  
Blogger joaquim said...

Cara SYLVIA:

Obrigado pelo agradecimento. Prestemos pleito a um grande amigo, poeta e tudo o mais que foi e fez na vida, e a vocês que neste espaço nos ofereceram momento de beleza e humanidade.
Não pude conter ontem as lágrimas, ele foi sempre para mim uma força com partilhei projectos culturais, sociais e políticos, mas a conversa continua agora noutros espaços siderais, honremos a dua "estória".

4 de out. de 2008, 11:24:00  

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