Fernando Peixoto & Sylvia Cohin
Que a voz do Poeta não se cale
Que os olhos do Poeta não se fechem
Com palavras que n’alma remexem
Que os seus versos sejam a sirene
Que alerta toda a gente à sua volta
e ao ser humano empreste sua escolta
Que o poema seja o grito inconformado
Dos braços que se erguem na revolta
E obriga a injustiça à contravolta
Contra os braços curvados e a cerviz
Submissa ao peso da opressão.
Oculto sob o peso da coação.
Que o poema seja sempre vertical
Um relâmpago enorme em noite escura.
Que rebenta o grilhão de toda agrura.
Que o Poema seja uma canção
E rasgue o medo em mil pedaços
Semente medrando nos regaços
Com versos de amor e de ternura
Espalhados por mil bocas e mil braços
E um elo de união em doces laços
Que o Poeta seja mais que um ser humano
Quando o Poeta escreve por Amor
A palavra torna-se a armadura
E faz do verso um bálsamo que cura!
O Homem só vence a própria dor
E destrói o vírus da amargura,
mesclado co’a semente da Loucura
É louco, o Poeta? Deixem lá:
Que a Poesia seja uma aventura
e que os versos saibam mergulhar
no mar da Verdade e da Loucura!
E o Poema seja a seara onde se colhe
o trigo da Justiça com fartura.
Fernando Peixoto
Porto-Pt, 27.01.2005
Marcadores: Dia Mundial da Poesia, Dueto Fernando Peixoto e Sylvia Cohin
1 Comments:
Que aprendamos a escrever utilizando camisas de força. Grande texto. abraços
http://poesiafotocritica.blogspot.com/
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