quarta-feira, 8 de março de 2006

CANÇÃO PARA UMA OPERÁRIA

Mulher-Sol! Mulher-Vento que não páras !
Mulher-Sonho! De sonhos tão despida !
Horizonte cheio de manhãs claras
Gotejando suor com cheiro a vida !

Mulher-Fuso, que rodas sem detença
Em casa, no caminho, na oficina,
Tão cedo condenada na sentença
de ser assim Mulher sem ser menina .

Mulher-Abelha, que sorves o fel
De tanto suor na luta diária,
Hei-de ter na boca um favo de mel
P’ra te beijar de forma solidária.

FERNANDO PEIXOTO

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Parabéns pelo poema, é sem dúvida pleno de sentido, sentidos, sentimentos, sonhos...

Possa a tua voz de poeta ajudar a mudar a dura realidade da mulher a quem é negado o sonho e a particularidade de se manter menina.
Rosário S.

9 de mar. de 2006, 12:51:00  
Anonymous Anônimo said...

Todas mulheres que sonham e às vezes, não poucas, vêe o sonho perdido no nada.
Quero ser mulher-abelha, esta sorve o o fel mas se plenifica em ser obreira, assim, muito realiza!!.

13 de mar. de 2006, 15:22:00  

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