terça-feira, 28 de março de 2006

TIEMPO


Una ilusión y un sueño esparcido por piel curtida de sol ,
un bálsamo mágico circulando venas, latiendo en vida ...
mirada inquieta calculando el largo tiempo que pasa ...
mientras soles y lunas danzan al compás de hojas muertas ...
desafiante manos largas hundidas en clara agua ,
agitando la paz de mi muerte ...
Tiempo sembrado en poesías ..., amores y amantes ,
sintiendo el dulce aroma del campo ,
mientras el tiempo se hace eterno ...
Nada como vivir sin tiempo ,
huir de la vida sin atrapar agujas ...
ser pasado , presente y futuro sin tiempo ...
Dejar que me arrope una musa ,
envolverme en una nota musical ,
salir en vuelo perfecto , abandonar hogares ,
cobijarme en el cosmo ,
sin tiempo , sin prisas ...
Ser el tiempo .... ser la nada ...
ser feliz al desarmar cristales de azúcar
en mis manos ...¡ sin tiempo !

MARCELO ROMANO
Salta-Argentina
www.locurapoetica.com

quarta-feira, 22 de março de 2006

PRIMAVERA... Talvez


despontou a Primavera
com seus olhos raio-de-Sol
e acordou em mim a esperança
de Ser
flor silvestre em campo aberto
beijo de andorinha ao romper da aurora
pássaro novo a entoar doces melodias de encantar
borboleta cor de mar e de aventura


de Ser
criança que brinca na ilusão do tempo
arco-íris feiticeiro que transforma
a noite
a invernia
em festa, em alegria



despontou a Primavera
com seus olhos raio-de-Sol
e acordou em mim a esperança
de Ser
simplesmente
um sonho, uma quimera


… Talvez a
A Primavera




JMCouto (Março 2006)

domingo, 19 de março de 2006


HAVIA...

Havia um sol desanimado entre nuvens que
numa dança voluptuosamente estranha
ameaçavam gotejar...
Havia um céu riscado de asas sobre os telhados
que escondiam mistérios encapotados
de almas geladas,
quase horizontais, solfejando seus ais...
Havia tantas janelas cerradas,
qual dentes trincados amordaçando desejos, agonias,
vitrines de flores enfeitadas...
Havia vultos recitando promessas contritas
na esperança da barganha, sorrindo à porta do templo.
Patético exemplo...
Havia um vento frio, cortante, emudecedor,
contaminando por onde passava com gélido torpor...
Havia crianças...
Havia?
Não sei, delas só sei que não se ouvia...
Havia aqueles sinuosos gatos vadios
que olhavam atentamente o nada
camuflando com suposta indiferença os seus cios...
Havia uma preguiça coletiva
exposta nas esquinas mortas
onde sequer um bêbado se via sobre as pernas tortas...
Havia uma saudade extrema e drástica,
olhos d´água carpindo tudo e nada...
Rostos pétreos em corpos rígidos, cena fantástica!
Havia aquela angustiante sensação de calma
que antecede as tragédias, embala os mortos
e contém os corpos...
Havia aquele desespero de toda urgência,
um sufocante palpitar mal dedilhado,
dissonante sinfonia executada com premência...
Havia vida, é verdade, havia...
entre paredes, dentro do peito, em torniquetes,
naquela gaivota alheia, liberta e toda branca...
Havia vida, havia...
mas ninguém via...


Sylvia Cohin
Porto, 19.03.2006

quarta-feira, 15 de março de 2006


A MORTE DO POETA

Espalham-se os guardas, as milícias
e vibram as sirenes estridentes.
Pelas ruas farejam cães-polícias:
procuram o Poeta entre as gentes.
Todos sabem que ele é um subversivo
temido, perigoso cadastrado
que afirma o direito de estar vivo
e de andar vertical por todo o lado.

Procuram nas notícias dos jornais
a cara do Poeta fugitivo
tentando descobrir alguns sinais
que o tornem, desde logo, conhecido.

Na rádio, na TV, noticiários
já lançaram apelos lancinantes
pedindo que se evitem riscos vários
de infecção com versos delirantes.

A cidade agitada, no pavor
de se envolver em tal epidemia,
não deixava que alguém fizesse amor
porque o Amor, às vezes, contagia...

Deixaram as pessoas de sorrir,
aos jovens proibiu-se namorar,
os músicos deixaram de se ouvir,
os pássaros pararam de cantar.

Impediu-se o luar de aparecer
p'ra não alimentar o romantismo.
Proibiu-se ao Homem e à Mulher
a mínima atitude de erotismo.

Decretou-se que o Dia era cinzento,
foi imposto o silêncio por decreto
,ergueu-se à Tristeza um monumento,
aboliu-se a Ternura e o Afecto.

O Poeta, acusado de loucura,
na solidão mais densa se escondia
refém de si mesmo e da amargura
que a Verdade nos outros produzia.
Apareceu então à luz do dia
com o rosto tingido de ternura.
Dois tiros acertaram no seu peito
matando a loucura em pleno dia.
Mais tarde descobriu-se o que foi feito:
Morreram o Poeta... e a Poesia!

FERNANDO PEIXOTO
SOU A POESIA

Sou deleite sutil, eu sou mistura
de emoções que em rimas se sucedem.
Vestindo na palavra a forma pura,
desenho o cálido perfil do Éden...
Sou vaidosa, ardente, feiticeira,
dos poetas sou magia e sedução,
com mil vozes sou divina cantadeira
que confunde o pulsar do coração.

Sou a eterna musa apaixonada
galopando em versos, atrevida,
partindo por aí em desfilada
na garupa dos mistérios desta vida!
Sou profunda, meu mergulho é abissal
no ponto extremo onde se acaba a luz.
Sou a coragem que se reza no missal,
sou tudo aquilo que o sentir seduz...

Palavra reta que nunca se amofina,
sou inefável mesmo quando instigo.
Eu sou dos desesperos a morfina
e sou dos descalabros o castigo.
Fonte do instinto e da loucura,
de tão afoita me querem por à margem
pelo incômodo que causa esta bravura
de vencer a censura com coragem!

Pouco me importa se me fecham portas
meu canto mágico abre os corações
rompe sentimentos e comportas,
e o tônus libera às emoções!
Sou dos amantes a suave algema,
e a Ternura visto de magia.
Morto o poeta, rasgado o poema,
a Vida ainda em versos eu cingia!
Não se extingue a Vida da Poesia!

SYLVIA COHIN

segunda-feira, 13 de março de 2006

SORVE-ME, SOL !

Eu vos saúdo, meu Sol
com o calor deste dia,
trazendo a luz do arrebol
em toda a minha alegria!!

Hoje eu também vos amo
de uma forma luminosa,
de novidade me chamo
em vossa vida amorosa...

Sou asa de passarinho
sou ligeiro beija-flor
semeando em vosso ninho
o doce mel do amor !

Eu vos saúdo, meu Rei,
sou vosso reino, sorvei !!

SYLVIA COHIN

domingo, 12 de março de 2006

PORQUE TE AMO



Porque te amo, invento artifícios
Entorpeço a mente com esperanças vãs
Ilusões talhadas por secretas emoções
Vertiginosas serpentes a deslizar
Pelas encostas do meu desatino
Porque te amo, revolvo-me em desejos insaciáveis
Sonhos impossíveis e atemporais
Encobertos pelo abominável pranto da minha covardia
Que me impede de procurar-te, abrir o peito
E confessar ao mundo este inominável amor.
Porque te amo
Resvalo por caminhos obscuros
Florestas incultas de um Paraíso recluso
Povoado de insondáveis sentimentos
Que me condenam ao rés do chão.
Porque te amo, recolho os despojos
De loucos planos desperdiçados
Soterrados sob o mandato do teu desamor
Imobilizada pela lembrança do teu jeito irresistível
Permaneço inerte, observando-te ao longe,
Na contra mão dos acontecimentos
Sentindo a vida separar-nos cada vez mais
Perpetrando este terrível lamento
Prenha de dores infernais
Ah, tudo porque te amo
E a ninguém mais!


FLORI JANE
São Paulo - Brasil
01/07/2005

sábado, 11 de março de 2006


ONDE FOI QUE NOS PERDEMOS?



Quais foram nossos caminhos?
Por onde andamos? O que fizemos?
Se jamais nos encontramos.
Onde foi que nos perdemos?

O que foi a nossa Vida?
Que história contaremos?
Sem chegadas, sem partidas.
Onde foi que nos perdemos?

Seguimos lado a lado,
Despercebidos, entardecemos.
Paralelas não se tocaram.
Onde foi que nos perdemos?

Tu és meu e eu sou tua,
Desde o instante em que nascemos.
Atravesse esta rua...
Assim, nos encontraremos.

SONINHA VALLE
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quarta-feira, 8 de março de 2006

CANÇÃO PARA UMA OPERÁRIA

Mulher-Sol! Mulher-Vento que não páras !
Mulher-Sonho! De sonhos tão despida !
Horizonte cheio de manhãs claras
Gotejando suor com cheiro a vida !

Mulher-Fuso, que rodas sem detença
Em casa, no caminho, na oficina,
Tão cedo condenada na sentença
de ser assim Mulher sem ser menina .

Mulher-Abelha, que sorves o fel
De tanto suor na luta diária,
Hei-de ter na boca um favo de mel
P’ra te beijar de forma solidária.

FERNANDO PEIXOTO


ANÔNIMAS "MARIAS"


Deixo aqui umas palavras de singela homenagem
às companheiras-mulheres de tantos valores e lutas,
voltando o pensamento, especialmente,
para todas as "Marias"...
anônimas, firmes como esteios,
lutadoras...
Guerreiras das trincheiras da vida onde procriam,
defendem suas crias, lutam pelo pão, lavam as feridas,
mitigam dores, sepultam sonhos...
E tendo como armas o Amor, a Esperança e a Coragem,
povoam o mundo de Vida que germina em suas entranhas.
A vocês abnegadas "Marias", toda admiração !!
O silêncio de seu exemplo vale mais que todas as palavras!

"MARIA" SYLVIA COHIN
08 de Março de 2006

domingo, 5 de março de 2006



Em nome de um passado
que eu não quis;
em nome de um futuro
que eu escolhi;
em nome de um pecado
que eu não fiz;
em nome de uma dor
com que feri;
em nome de um amor
que eu nunca vi;
em nome do que dei
e ninguém quis;
em nome da justiça
que eu não tive;
em nome de uma vida
que eu parti,
um só perdão não chega
eu peço mil.

ROSA TEIXEIRA BASTOS

sábado, 4 de março de 2006

LITURGIA DE AMOR

sinto na pele ainda o toque morno,
teu cheiro agreste impregnado em mim,
teu corpo que me entregas como adorno
da nudez no enlace em êxtase sem fim...

sinto que a vida corre em nossas veias
acelerado parto de ternura
o rito amante que em mim semeias
na liturgia da reza mais pura...

sinto teus olhos em azul profundo
sereno mar onde navega o amor,
toda a grandeza que há no mundo
evola-se de nós, gozo sem pudor...

SYLVIA COHIN

sexta-feira, 3 de março de 2006


A MÁSCARA DA MINHA FACE


Sob a minha face um dilema hiberna
Sangrando em mim a interrogação.
Dilacerado-me em tormenta interna
Se eu sou ou não sou Eu: eis a questão.

É que a minha face é como a Caverna
Que tão bem foi descrita por Platão:
Ilumina-a por dentro uma lanterna,
Por fora disfarça-a uma Ilusão.

Da luz que recebe reflecte o riso.
Do que observa espelha uma incerteza.
Do que pensa transmite um sentimento.

Por isso o meu olhar baila indeciso
Entre a alegria franca e a tristeza:
Sombras perenes do meu pensamento.

FERNANDO PEIXOTO